domingo, 12 de dezembro de 2010

"MEU FILHO RECÉM-NASCIDO NÃO PÁRA DE CHORAR! E AGORA, DOUTOR?"

Essa é uma queixa bastante comum no consultório pediátrico. Pais e mães aflitos, exauridos após noites e noites em claro, sentem-se impotentes diante de uma criaturinha que não faz outra coisa senão chorar. É assim mesmo, os primeiros meses de vida do neném representam uma fase de adaptação: ao mundo fora do útero, aos pais, ao alimento etc. O mais comum é que essa adaptação seja externalizada como choro, a única maneira encontrada pelo bebê para comunicar ao mundo a sua angústia. Portanto, a princípio, não se preocupe, pois esse tipo de comportamento é a regra e não a exceção.
        Algumas dicas podem ser úteis, mas é sempre bom frisar que não existe fórmula mágica para o problema. A notícia boa é que, em geral, tudo desaparece no terceiro mês, e o choro é substituído por gostosas gargalhadas! Vale a pena esperar...
        1) Antes de mais nada, é necessário excluir causas orgânicas que possam estar levando ao choro: o bebê está mamando bem e ganhando peso conforme o esperado? A mãe tem leite suficiente? As regurgitações ("golfadas") aparentam ser excessivas? A criança só chora quando é manipulada? Há distensão abdominal e/ou flatulência? Está urinando bem (cerca de 7 a 8 vezes em 24h)? Há diarréia, sangue nas fezes, febre? Qualquer alteração aqui observada requer a pronta avaliação por um pediatra.
        2) Nunca é demais ressaltar que recém-nascido gosta é de pouco espaço. A regra aqui é: quanto mais aninhado, aconchegado em posição fetal, melhor! Nessa fase, o cestinho (moisés) é mais aconselhável do que o berço comum, onde o bebê se sente solto demais, desorganizado no espaço, desprotegido ... e , por isso, chora!
        3) Choro também pode ser sinal de calor, frio, fome ou fralda suja. Cheque atentamente cada um desses itens e saiba que, com o tempo, será até mesmo possíveldistinguir o que cada tipo de choro quer dizer.
        4) A mãe deve ser desencorajada a consumir estimulantes como café, chá preto ou mate, coca-cola e chocolate, pois poderá haver a passagem de cafeína para o leite materno.
        5) Ambientes com estímulos sonoros e visuais excessivos podem causar excitação no ebê. Abaixar o volume da televisão e do aparelho de som e falar mais baixo podem ajudar. Lembre-se de que a luz branca estimula, a amarela acolhe e a azul acalma. À noite, quando possível, deixe os ambientes à meia-luz.
        6) O silêncio profundo também pode incomodar o neném, acostumado com os barulhos característicos da vida intra-uterina. Por isso a criança tende a se acalmar quando colocada no colo, com o ouvido voltado para o coração da mãe. Sons repetitivos, como o tique-taque de um relógio ou o tum-tá das batidas do coração ajudam a acalmar e a embalar o sono. Hoje já é possível acessar no youtube sons que reproduzem o ambiente uterino com bastante fidedignidade.
        7) Alguns bebês gostam de ser embalados, o que lhes proporciona a lembrança das experiências de flutuação no líquido amniótico. Movimentos como o da cadeira de balanço ou o embalar dos braços de um adulto podem estão surtir efeito na hora de abortar o choro e tranquilizar o seu filho. Jamais sacudir a criança: isso só contribui para deixá-la mais agitada e pode, ainda, trazer consequências drásticas para a saúde dos pequenos, como hemorragias intracranianas.
        8) O banho morno de imersão em baldes específicos para bebês, produzidos com material atóxico, é uma nova moda que está fazendo bastante sucesso por aí. O neném tende a relembrar a experiência dentro do útero e o esperado é que venha a se acalmar e relaxar.
        9) A shantala, massagem indiana para bebês, vem também se tornando bastante popular. É aplicada com óleo corporal neutro infantil em todo o corpinho da criança e estimula pontos-chave para o relaxamento, além de aumentar o vínculo dos pais com sua criança. Nos postos de saúde do Distrito Federal, as mamães e seus rebentos podem participar de aulas práticas gratuitas sobre essa técnica. Não é difícil também, para os que preferem ser auto-didatas, achar no mercado livros e dvds sobre o assunto.
        10) Alguns nenéns só se acalmam quando estão "chupetando" o seio materno. Se for esse o caso, converse com o pediatra. ele saberá orientá-lo oportunamente.
        11) As chamadas cólicas do lactante surgem ao final da segunda semana de vida e podem se estender até os três meses. São uma das causas mais frequentes de choro contínuo, principalmente no período vespertino ou noturno. Nesses casos, o bebê tende a elevar as perninhas, encolhendo-as junto à barriga, ao mesmo tempo em que chora e aparenta sentir dor. Algum alívio pode ser obtido massageando o abdômen primeiramente com movimentos repetidos de cima para baixo, aplicando-se, com as mãos, uma leve pressão. Em seguida, deve-se partir para a massagem com movimentos circulares amplos, sempre no sentido horário. Finalizando, os membros inferiores da criança deverão ser fletidos e estimulados sucessivas vezes. Uma outra medida que também constuma trazer algum conforto quando a cólica aparece é deixar o bebê deitado de bruços por alguns minutos sobre a barriga da mãe, no contato direto pele a pele.
        12) A ansiedade dos pais é sempre captada pelo bebê, o que o torna ainda mais e mais agitado, num círculo vicioso que parece não ter fim. Por isso, vale a pena ressaltar: a tranquilidade e a confiança são, nesse caso, recursos terapêuticos imprescindíveis! E, acreditem, no final tudo sempre acaba bem.
        Por fim, nunca é demais lembrar aos novos papais e mamães que a visita ao pediatra até o final da primeira semana de vida e, sem seguida, logo antes do neném completar um mês é sempre recomendada. Somente o médico poderá avaliar cada caso e passar todas as orientações necessárias. A saúde do seu bebê agradece!
1º TEN QOPMS Luciana Tonussi Arnaut - Médica Neuropediatra


Veja mais em: PMDF - Policlínica

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